Desse período em diante observa-se a integração ao GEPEM de pesquisadoras/es de áreas diferenciadas, ao tema mulheres, gênero e feminismos, a favorecer a inserção de estudos e pesquisas com a ampliação de marcadores sociais que, historicamente, tornam-se assuntos de debates na sociedade.
Os eventos periódicos realizados pelo GEPEM se estenderam além dos muros da UFPA, a identificar e participar da preocupação e interesse nas discussões sobre a melhoria da qualidade de vida das mulheres e da luta pelos direitos humanos com o olhar da cumplicidade acadêmica. Evidencia-se essa trajetória e acumulação de experiências e o compromisso das/os pesquisadoras/es em procurar agregar, dar visibilidade e estimular o debate relativo às questões da diversidade de gênero na Amazônia, ampliando-se a divulgação dos resultados de pesquisas, em publicações impressas, eletrônicas e em mídia digital.
O processo de construção de saberes em um espaço onde o conhecimento científico tem um padrão tradicional, nesses anos de atividades, manteve a presença constante de pesquisadoras/es da área de gênero em atividades múltiplas e formatou a transversalidade entre as grandes teorias do conhecimento e os enfoques contemporâneos, que ora têm evidenciado diferenciais nos marcadores sociais quando se processam com a perspectiva das relações de gênero e feminismos. Essa conquista de espaço, pelo GEPEM, com a problemática da diversidade, expressa-se na produtiva aprovação de pesquisas com temas sobre a situação feminina, as construções e hierarquias de poder que submetem as mulheres, as diferenças das relações entre homens e mulheres construídas culturalmente, as expressões de sexualidades, as questões étnicas, a interseccionalidade, democracia e participação política – temas que têm agregado pesquisadoras/es, bolsistas, orientandas/os de graduação e pós-graduação, com divulgação dos resultados em seminários, encontros, oficinas, movimentos sociais e outros eventos promovidos e/ou apoiados pelo grupo, não só em nível local, mas regional e nacional.
Além da atuação no âmbito acadêmico, o Gepem consolidou sua inserção na sociedade civil e atraiu importantes parcerias com grupos nacionais e internacionais de pesquisa e extensão, entre eles, o Museu Paraense Emilio Goeldi, o Women in Fishing (WIF) Programe of the International Collective in Support of Fish Workers (uma ONG com base na Índia, cuja consultora Chandrika Sharma, participante de inúmeros seminários no Pará, foi uma das pessoas desaparecidas no voo MH 370, da Malasyan Airlines em 2014. A pesquisadora canadense Francine Saillant, diretora do CÉLAT-(Quebec/Canadá), também parceira, apoiou-se no grupo trazendo alunos/as com inserção nos estudos nas áreas de pesca e medicina doméstica. Os movimentos de mulheres do Pará, incluindo o Fórum de Mulheres Paraenses(FMAP); a União das Mulheres de Belém (UMB), o Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade (MMCC), a Coordenadoria Especial de Integração de Política para Mulheres (SEJUDH/PA) e outros grupos de agregação, também participaram e ainda participam dessas atividades.
A criação do OBSERVE regional, em 2008 – numa parceria com o NEIM/UFBA e a Secretaria de Política para as Mulheres-PR, promoveu a inserção do GEPEM numa área com atividades ainda em desenvolvimento no grupo: o levantamento da situação de violência doméstica contra as mulheres e o monitoramento à aplicação da Lei Maria da Penha. Esse projeto propiciou ao GEPEM a criação de seu Observatório Regional Norte e, presentemente, está a contatar com os demais grupos de estudos de violência doméstica das Universidades da região, agregando em um Blog, no endereço atual https://observatorioregional.wixsite.com/observeregional
Outra parceria do Gepem é com o Núcleo de Estudos Interdisciplinares de Violência na Amazônia (NEIVA/UFPA), formado por um grupo de docentes de várias áreas de conhecimento da UFPA. Com mais esta parceria amplia-se o apoio aos estudos na área do judiciário, saúde, tratamento psicológico às mulheres e crianças vítimas de violência na Amazônia.
Desde 2013, houve um rearranjo nas linhas de pesquisa do GEPEM, estruturadas em sete eixos: 1) Mulheres e Participação Política; 2) Mulheres, Relações de Trabalho, Meio Ambiente e Desenvolvimento; 3) Gênero, Identidade e Cultura; 4) Gênero, Arte e Literatura; 5) Gênero, Saúde e Violência; 6) Gêneros, Corpos, Sexualidades; 7) Gênero, Feminismos, Interseccionalidade.
Os seminários temáticos nessas linhas de pesquisa têm priorizado os temas teóricos sobre a situação das mulheres, as teorias de gênero na perspectiva crítica feminista, com leituras de livros inicialmente centrados no feminismo eurocêntrico, como o de Simone de Beauvoir e outros, atuais, que se tornam na dimensão crítica desse tema, em questões como a raça e a etnia com destaque para Ângela Davis, bell hooks e outras nesse foco. Maria Lugones Judith Butler, Joan Scott e as vertentes das áreas específicas das Ciências Sociais, além dos vários eixos feministas, o feminismo liberal, feminismo radical, feminismo decolonial e o feminismo negro. H.B. Safiotti e outras feministas e estudiosas brasileiras subsidiam as leituras pela devida atenção a esses temas.
Desde 2012 criamos, seguindo em franco percurso, a Revista Gênero na Amazônia. No ano passado foi avaliada e está entre os periódicos da UFPA: https://periodicos.ufpa.br/index.php/generoamazonia - este mês lançado o 23º volume.
Em 2019, um grupo de associadas do Gepem reuniu-se para organizar e propor um projeto de Curso de Especialização Análise das Teorias de Gênero e Feminismos na América Latina, aprovado em novembro desse ano. O curso iniciou em março de 2020, mas, devido a situação da pandemia pelo Covid-19, com a decretação da paralisação de atividades presenciais e não essenciais, houve rearranjo da programação e dos módulos, horas e tempos, reiniciando em 12 de agosto de 2021. A finalização deu-se em novembro de 2022 e no momento espera-se a aprovação do Relatório final do Curso e a emissão dos certificados a 27 concluintes.
Este 2023 celebramos os 29 anos de caminhadas, acadêmica e militância feminista na UFPA e na sociedade amazônica. Estamos organizando um evento para o final do mês de setembro/2023, quando apresentaremos novas categorias de estudo e pesquisa com base nos temas: Mulheres pelo Bem Viver; Justiça Climática e a Combate à Desigualdade, exposto nos Diálogos Amazônicos. Seguimos as novas discussões teóricas vivenciando o processo de divulgação do conhecimento. Tema para a programação: GEPEM 29 ANOS: Luta, Corpo, Território e Resistência feminista na Amazônia.
A persistência em mais um ano de vivência acadêmica agregada à presença nos movimentos sociais e de mulheres, num ano atípico de isolamento social, de atropelo às lutas democráticas, em quatro anos convivendo com políticas destrutivas dos direitos de humanas e humanos com grande evidência de casos de violência contra mulheres, negras/os , LGBTQI+ e acúmulo de casos de desigualdade, está sendo um outro exercício de experiências para as/os associadas/os encontrarem, em novas tecnologias de acesso ao público, meios de transferência de conhecimentos, de oitivas às colegas, alunas e alunos que estão no mesmo barco de aprendizagem de saberes e práticas que tendem a reorganizar as agendas presenciais e conferir novo formato à luta, que se fortalece a cada embate.
Agradeço às/aos colegas que fazem o dia-a-dia do Gepem a permanência da parceria em mais um tempo de presença na UFPA.
GEPEM, PRESENTE!
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