sábado, 27 de agosto de 2022

28 ANOS DE GEPEM

 


GEPEM/UFPA – 28 ANOS NESTE 27 DE AGOSTO DE 2022

Um Percurso entre chegadas e (novas) caminhadas

Os primeiros diálogos para a criação de um grupo de estudos sobre a questão da mulher ocorreram no início dos anos oitenta, entre as Professoras Edna Castro, Rosa Acevedo e sua então orientanda no NAEA, Luzia Álvares, docente do Departamento de Ciências Sociopolíticas, do CFCH/UFPA, que àquela altura realizava sua pós-graduação. As três se reuniram e esboçaram um primeiro documento sobre objetivos e metas de criação do grupo.

Essa articulação foi retomada após o I Encontro de Pesquisadoras sobre a Mulher e Relações de Gênero do Norte e Nordeste, promovido pelo NEIM/UFBA, em 1992 – chamado pelas Professoras Ana Alice Costa e Cecília Sardenberg, que culminou com a criação da REDOR-N/NE. O modelo desse evento estimulou, no âmbito paraense, a que o grupo inicialmente formado no NAEA com três participantes, fossem agregadas/os outros/as pesquisadoras/es, contemplando várias áreas de conhecimento, como: História (Nazaré Sarges, Edilza Fontes, José Maia); Psicologia (Eunice Guedes e suas bolsistas do PIBIC); Antropologia (Angélica Motta-Maués); Ciência Política (Luzia Álvares); Literatura (Eunice Santos); Saúde (Suzanne Serruya/UEPA). Com essa adesão ampliou-se a chamada a outros/as docentes da universidade, culminando com a oficialização do grupo, no Auditório do IFCH/UFPA, em 27/08.

Esse processo constituiu um marco de efeitos colaterais sobre o enfoque de estudos e da história das mulheres, ao congregar tanto pesquisadoras da UFPA quanto de universidades particulares e estaduais do Pará, formando um eixo interdisciplinar em diversas áreas de conhecimento com as Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes, Saúde, Educação etc.

Entre os anos 1992 e 1994, os indícios no ambiente amazônico, da nova temática estava se tornando um ponto de convergência, um centro de debates, na rede teórica das Ciências Sociais e nos movimentos de mulheres. A representante do CFCH no Comitê de Pesquisa da UFPA, Profa. Maria Angélica Motta-Maués organizou e realizou, em janeiro de 1992 , o I Encontro de Pesquisadores do Centro de Filosofia, publicizando os resultados de pesquisas e os projetos em andamento naquela unidade acadêmica, reunindo-se sete comunicações no Grupo Temático I – “Questões de Gênero: Identidade, Processos de Trabalho e Participação Política.

O VI Encontro de Ciências Sociais Norte/Nordeste, realizado em Belém (PA), com o apoio do NAEA, em maio de 1993, registrou, entre os grupos temáticos, o referente à Mulher e Relações de Gênero, com inscrição de trabalhos de pesquisadores/as dessas duas regiões.

O evento internacional A Amazônia e a Crise da Modernização, promovido pelo Departamento de Ciências Humanas do Museu Paraense Emílio Goeldi, à frente a Profa. Maria Ângela D’Incao, em setembro de 1993, reuniu em conferência “um número considerável de intelectuais brasileiros e estrangeiros, jornalistas, políticos e representantes de movimentos sociais interessados na questão da Amazônia“, com vista a discutir “as possibilidades do desenvolvimento sustentável dentro do ‘background’ dos grandes projetos, da industrialização e das metrópoles na Amazônia”. O GT Diversidade e Gênero acolheu a inscrição de cinco trabalhos, sendo quatro selecionados, para a composição do livro A Amazônia e a crise da modernização:Educação e (In)Submissão Feminina no Pará”, de Álvares; “Quando chega essa “ visita”, de Motta-Maués; “Mulher na padaria dá problema de amores”, de Edilza Fontes; e “Uma presença discreta: a mulher na pesca”, de Maneschy.

Estes eventos são demonstrativos da trajetória marcante de pesquisadoras/es que mantinham diálogo interdisciplinar com o assunto, alguns/as sendo remanescentes dos primórdios dos estudos, na UFPA, sobre a condição feminina, na década de 1980, como Maria Angélica Motta-Maués e Jane Felipe Beltrão.

Com isso, foi possível realizar uma agregação destas pesquisadoras em um grupo de estudos e, na manhã do dia 27 de agosto de 1994, numa reunião histórica, primeiramente, no auditório do então Centro de Filosofia e Ciências Humanas/UFPA, e para registrar formalmente a presença do grupo e a relação com a patrona, no dia seguinte, na Praça “Eneida de Moraes” (ainda em projeto) oficializou-se a criação do Grupo de Estudos e Pesquisas “Eneida de Moraes” sobre Mulher e Relações de Gênero - GEPEM.

Muitas histórias nesses 28 anos de presença numa sala de pesquisa nos altos do CFCH, liberada pela então diretora, Profa. Terezinha Gueiros, para meus estudos pessoais e de pesquisas, hoje identificada como “sala de pesquisa do GEPEM”.

O processo de construção de saberes num espaço onde o conhecimento científico tem um padrão tradicional, nestes 28 anos, manteve a presença constante de pesquisadoras/es da área de gênero e mulheres em atividades múltiplas e formatou a transversalidade entre as grandes teorias e os enfoques contemporâneos que expunham diferenciais nos marcadores sociais, quando se processavam com a perspectiva de gênero. Essa conquista de espaço pelo GEPEM com a problemática da diversidade pode ser evidenciada na produtiva aprovação de pesquisas com temas sobre a situação feminina, as construções e hierarquias de poder, as diferenças das relações entre homens e mulheres construídas culturalmente, as expressões de sexualidades, as questões étnicas – temas que têm agregado pesquisadores/as, bolsistas, orientandos de graduação e pós-graduação, com divulgação dos resultados em seminários, encontros, oficinas e outros eventos promovidos e/ou apoiados pelo grupo, não só em nivel local, mas regional e nacional.

Os estudos de gênero nos ajudaram a problematizar a noção de sujeito universal e mostrar o caráter hierárquico e assimétrico subjacente à construção de feminilidades e masculinidades. Eles nos ajudaram, também, a quebrar com a noção de identidades uniformes. A dar sustentabilidade ao que hoje as políticas públicas estão multiplicando em nome dos estudos de diversidade, educação e cultura. As marcas sociais foram cada vez mais introduzidas nas pesquisas a fim de dar conta da multiplicidade de práticas e representações de mulheres e homens, pautados em diferenças: étnicas, raciais, status e classe social, geração, sexualidade e orientação religiosa, para destacar apenas alguns dos principais marcadores. No percurso destas descobertas da potencialidade destes estudos, a cada dia se acham mais enriquecidas pelas versões da diversidade das áreas de conhecimento e das demandas sociais em problemas emergentes.

Ao criarem suas vertentes de estudos dentro de áreas de conhecimento onde se posicionaram na academia, pesquisadoras e pesquisadores continuam a aprendizagem desses estatutos procurando generificar alguns resultados que se institucionalizariam sem a base crítica dos estudos sobre gênero. Inseridas em linhas de pesquisa de programas de cursos de graduação e de pós-graduação, incorporam estas discussões em seus respectivos programas. Todas essas ações mostram a importância deste grupo de manter suas atividades e continuar aglutinando e dando visibilidade institucional às suas atividades, ampliando a rede de pesquisadores e pesquisas e a solidificando ações e intercâmbios já iniciados.

Desse leque acadêmico temos clara a nossa aliança com os movimentos de mulheres do Pará para subsidiarmos as questões teóricas com as discussões sobre as situações práticas vivenciadas e que se tornam as contribuições necessárias às linguagens e olhares de um cotidiano nem sempre visível ao conhecimento científico.

Ao longo desse período de atuação, manteve um fluxo permanente de atividades no formato de palestras, cursos, pesquisas e encontros integrados junto aos movimentos de mulheres e feministas, assim também, discussões específicas relativas ao meio ambiente regional e sobre as inquietações mais recentes da sociedade em torno da violência doméstica e sexual, trafico de mulheres e de pessoas e de outras ações que tendem a contribuir numa agenda política importante dos movimentos sociais.  

Desse compromisso acadêmico continuamos o pacto sempre presente nos objetivos iniciais firmados pelas mestras Edna Castro, Rosa Acevedo e Maria Angélica Maués sobre a questão da diversidade de gênero posicionadas na luta pelos direitos humanos.

Neste 27 de agosto de 2022, estamos em festa, recolhidos, ainda, devido ao tempo de pandemia e o isolamento social que retraduziu as atividades presenciais em eventos virtuais, estes ainda esporádicos entre nós. Mas vamos continuar nossa agenda de eventos, de projetos de pesquisa, de leituras em metodologia dirigida e outras arquiteturas que nos levem a avançar. Há esperança e fé.

GEPEM/UFPA! Presente!

domingo, 7 de agosto de 2022

A 21ª edição da Revista Gênero na Amazônia já está disponível!


 

A 21ª edição da Revista Gênero na Amazônia já está disponível!

Os textos repercutem resistências, lutas e mobilizações coletivas para recuperação e ma- nutenção da liberdade, entendida como autonomia e princípio ao guiar a vida que circula o corpo e os gêneros. Quanto à forma, há pesquisas envolvendo a metodologia da análise docu- mental; revisão de literatura; pesquisa empírica; e relatos de experiência. No campo da Terapia Ocupacional, houve contribuição significativa, assim como discussão sobre violência doméstica com o foco nas vítimas indiretas do feminicídio.

E, na categoria entrevistas, temos o relato da Dra. Ana Cristina Álvares Guzzo, médica, importante personalidade que atua na área da saúde materno-infantil.

Em todos esses estudos e depoimentos, nota-se o esforço em produzir conhecimentos sobre as formas de resistência, as lutas, as ousadias e as conquistas de espaços para as mulheres, sejam amazônidas, brasileiras e latino-americanas.

ReSisTir é o nosso nome!

A 21ª edição da Revista Gênero na Amazônia pode ser acessada através do link:  

www.generonaamazonia.com/edicao-21.php

Boa leitura!