A Revista Gênero na Amazônia (ISSN 2238-8184) apresenta esta chamada para a Edição nº 19 – janeiro-junho 2021, até 30 de abril 2021, com a temática O fenômeno da pandemia em perspectiva de gênero e feminismos. Convida a submeter artigos científicos, relatos de experiências, ensaios, revisões narrativas, produzidos individualmente, ou em grupo de até cinco autores.
A pandemia da Covid-19, desde o início de 2020, é muito mais do que um fenômeno biológico, isto é, a difusão de um corona vírus em âmbito planetário. É grande, no entanto, a tentação de compreendê-lo como circunscrito ao âmbito da natureza e, assim, atribuir-lhe a grande responsabilidade nos infortúnios que os países, as economias, as comunidades têm enfrentado desde então. A conveniência de conseguir debelá-lo com imunizantes, configura-se esperançar ao retorno de uma “vida normal”. Qual o “novo normal”, então? Seria transitar cotidianamente em seus afazeres, com reduzida reflexão sobre as desigualdades que afetam a condição humana?
Lembramos que o debate amplamente divulgado nos meios massivos e pós-massivos é entre saúde e economia; entretanto, é mais do que as duas dimensões, já que afeta a vida e o viver; a sanidade psicológica, mental e social; bem como acarreta miséria, aumento das tensões entre as famílias, mantendo mulheres, idosos e crianças reféns em suas próprias casas e submetidos a formas de violência, abusos, explorações e finitude. Este debate é inerente a esta chamada.
O fenômeno social da pandemia levanta questões centrais de pesquisa sobre as relações entre Estado, Sociedades, e Regulações do Mercado, o tipo de ordem política e social vigente nos diferentes países e sobre como se reage individual e coletivamente aos riscos. Portanto, o compromisso da Revista Gênero na Amazônia, nesta convocação, é também o debate acerca da adoção de políticas sociais - vacinas, equipamentos de saúde, medidas de prevenção, auxílios materiais e financeiros a vulneráveis, redes de proteção social etc.
Consideramos importante refletir sobre as escolhas públicas, que são unicamente pautadas em bases econômicas e políticas. Tal análise requer uma compreensão acurada, com o olhar de gênero e dos feminismos sobre as relações de poder, sobretudo porque o vírus não atinge a todos indistintamente. Sua difusão e os riscos de acometimento da doença cruzam-se com as estruturas de desigualdade vigentes, dentre as quais as desigualdades de gênero são fundamentais de se observar.
A Universidade pode contribuir para construção de argumentos para o debate público das dimensões sociais de gênero; das formas como mulheres, homens, pessoas LGBTQI+, de diferentes idades, classe social, identidades étnicas, vivem e sofrem as repercussões da pandemia; como experimentam o distanciamento social e buscam soluções para enfrentar os desafios.
O presente número da Revista Gênero na Amazônia alinha-se com a preocupação de contribuir para o entendimento do fenômeno da pandemia da COVID-19, atento às demandas e mobilizações da sociedade, particularmente dos movimentos sociais de mulheres que criticam a visão de mundo patriarcal que fundamenta a ordem social e econômica. E abre espaço para a produção pertinente no Brasil e, em particular, na Amazônia.
Este dossiê conterá duas seções. A primeira seção, intitula-se Estudos sobre o fenômeno pandemia, sob a perspectiva de gênero. Será composta de artigos acadêmicos, que sejam fruto de pesquisas empíricas, de revisão de literatura, ou ensaio teórico, versando sobre aspectos relacionados à pandemia com abordagem de gênero. Assim, são bem-vindos estudos sobre a experiência laboral nestes tempos, tais como exercer o trabalho à distância, formas de emprego e desemprego, estratégias para combinar trabalho e família, estudo, maternidade e paternidade, casamento, namoro, atuação política, enfim, em múltiplas condições de gênero e etnia, conforme influenciam ou são impactadas pelas pressões que a pandemia acarreta.
Igualmente, acolherá artigos que versam sobre a sociabilidade em tempos de distanciamento social, sobre a inserção ou o esgarçamento de redes sociais, desde as redes familiares, de vizinhança, as profissionais, ou de outra natureza. O distanciamento afeta as redes de relações? Reforça vínculos por meio digital em detrimento das interações face a face? A distância social gera ou amplia ansiedades? Ou promove novas habilidades? Trata-se, enfim, de sondar como as pessoas estão vivendo os processos sociais decorrentes da pandemia, do plano macro ao microssociológico.
A segunda seção do dossiê está aberta a textos livres sobre a vida pessoal e/ou social durante a pandemia. Terá como título Faces da vida social em tempos pandêmicos. Serão aceitos textos nas categorias relatos de experiência, narrativas, histórias de vida, reflexões, testemunhos, registros fotográficos, crônicas etc. São materiais que ofereçam conhecimentos sobre como diferentes pessoas, grupos e coletivos enfrentam e pensam sobre os desafios do tempo presente, o distanciamento dos pares e dos próximos, experimentam ansiedades em diferentes graus, no lar ou em público, mantendo o olhar para as relações de gênero, para a vivência das masculinidades e feminilidades, as experiências de pessoas LGBTQI+, de diferentes cores e etnias.
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